Ao longo dos anos, pode-se notar uma evolução significativa na assistência ao recém-nascido prematuro devido aos avanços da tecnologia, principalmente quando relacionado aos mais novos e modernos suportes ventilatórios disponíveis, com notório aumento da sobrevida desses pacientes. Através da melhoria do suporte ventilatório também é possível observar as novas estratégias ventilatórias utilizadas com resposta positiva, contribuindo na prevenção de barotraumas, volutraumas, atelectraumas e biotraumas, consequentemente reduzindo as morbidades e complicações decorrentes do uso prolongado da ventilação mecânica, como a lesão pulmonar induzida pela ventilação e a displasia broncopulmonar.
A deficiência de surfactante é um dos principais fatores da etiopatogenia da Síndrome do Desconforto Respiratório. Com a administração de surfactante exógeno pode-se alcançar a estabilidade alveolar, melhorando a troca gasosa e a mecânica pulmonar, porém, sabemos que é muito comum que esses bebês necessitem de suporte ventilatório invasivo. Após a administração de surfactante, a equipe assistencial deve ficar atenta ao modo ventilatório utilizado, pois pode haver alterações na complacência pulmonar do recém-nascido, aumentando o risco de volutrauma por exemplo.
Umas das estratégias ventilatórias que está sendo bastante utilizada é a ventilação com volume garantido. Com este modo é possível ventilar o recém-nascido de uma forma simples, confortável e individual, e quando ocorre a melhora da complacência pulmonar o ventilador reduz a pressão inspiratória automaticamente, assim, mantendo o volume corrente ajustado pelo profissional de saúde.
Para ajustar a ventilação com volume garantido deve-se estabelecer: o volume corrente a ser entregue pelo ventilador, o início da inspiração, que é o disparo que ocorre de acordo com a frequência respiratória também pré-determinada. A ciclagem (término da inspiração e início da expiração) acontece de acordo com o tempo inspiratório ajustado.
O controle eficaz do volume corrente é possível devido ao desenvolvimento e aprimoramento tecnológico dos sensores de fluxo. A leitura pelos mesmos é feita de forma precisa, mensurando o volume corrente expirado e realizando ajustes da pressão inspiratória para atingir o volume corrente alvo durante as incursões respiratórias.
O uso do modo ventilatório volume garantido propicia uma redução do risco de volutrauma, pois este modo evita o aumento de volume corrente e consequentemente o aumento do volume minuto, reduzindo assim o risco de hipocapnia e de possíveis lesões de reperfusão, diminuindo também a ocorrência de hemorragia peri-intraventricular (HPIV).
Uma das dificuldades para a ventilação de recém-nascidos se deve ao escape de ar pelo tubo endotraqueal, porém, com essa modalidade, a ventilação não sofre tanta influência pelo escape, facilitando também o processo de desmame ventilatório pois, como dito anteriormente, com a melhora do quadro clínico e da complacência pulmonar do bebê, a pressão inspiratória necessária para atingir o volume corrente determinado diminui.
Por fim, vale ressaltar que é possível realizar uma ventilação pulmonar segura e protetora aos pacientes neonatais, ressaltando os prematuros. Pode-se notar os benefícios da ventilação com volume garantido, que promove um desmame ventilatório mais rápido, minimizando os riscos e as complicações atreladas ao uso da ventilação mecânica invasiva.
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