Hipercapnia: o que precisamos saber? (hipercapnia permissiva)
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Hipercapnia: o que precisamos saber? (hipercapnia permissiva)

A hipercapnia é definida como o aumento da pressão parcial de CO2 (PCO2) no sangue. Normalmente, ao realizar-se uma gasometria (o exame do sangue arterial que objetiva a mensuração dos gases sanguíneos), os valores de referência da PCO2 encontram-se entre 35 e 45mmHg.

Geralmente a hipercapnia ocorre em doenças pulmonares que aumentem o espaço morto ou, quando associada à hipóxia (a redução dos valores de PO2 no sangue), relacionada à hipoventilação ou deficiência circulatória.

Com o aumento desses valores sanguíneos, o paciente começará a apresentar sintomas decorrentes dessa alteração. A PCO2 acima de 60-75 mmHg, em um paciente anteriormente hígido, leva a uma dispneia grave; quando acima 80-100 mmHg o paciente apresenta-se letárgico; quando esses níveis chegam entre 120-150 mmHg pode levá-lo a óbito.

Os efeitos da hipercapnia no corpo podem ser vistos nessa imagem:


Fonte: Barnes T, Zochios V, Parhar K. Re-examining Permissive Hypercapnia in ARDS: A Narrative Review. Chest. 2018 Jul;154(1):185-195. doi: 10.1016/j.chest.2017.11.010. Epub 2017 Nov 22. PMID: 29175086.


Essa elevação dos níveis de PCO2 gera um ciclo vicioso, como exemplificado na imagem abaixo:


O aumento do PCO2 leva à depressão do centro respiratório, o que, pela hipoventilação, causa um aumento contínuo do CO2, até o tratamento e reversão da causa inicial ou morte; este tratamento, dependendo da gravidade do paciente avaliado, pode utilizar ventiladores mecânicos para o auxílio à ventilação.

Então por que tanto se fala da Hipercapnia Permissiva?

Para minimizar os riscos de lesão pulmonar decorrente da ventilação mecânica, atualmente, recomenda-se uma estratégia protetora, com base em baixos volumes correntes e baixas pressões de distensão; o que pode ocasionar uma depuração ineficaz do CO2 e levar à hipercapnia.

Um estudo de 2016 demonstrou que a hipercapnia permissiva reduziu o strain cíclico causado pela ventilação mecânica e a inflamação epitelial que esse strain causa no tecido pulmonar.

Em estudos pré-clínicos, também se verifica efeitos protetores relacionados à hipercapnia, como a redução de citocinas inflamatórias, redução da permeabilidade microvascular e, em modelos animais, o aumento da complacência pulmonar e diminuição do dano celular.

Em pacientes com Síndrome da Insuficiência Respiratória Aguda Grave (SRAG), submetidos à ventilação protetora, os níveis da PCO2 deveriam subir menos de 10 mmHg (o limite do permissivo varia de acordo com a literatura, com artigos sugerindo até um PCO2 de 80 mmHg) com uma queda de pH permitida até 7.25; porém não há um guideline ou um limite superior definido em consenso.




Referências:

Barnes T, Zochios V, Parhar K. Re-examining Permissive Hypercapnia in ARDS: A Narrative Review. Chest. 2018 Jul;154(1):185-195. doi: 10.1016/j.chest.2017.11.010. Epub 2017 Nov 22. PMID: 29175086.

GUYTON AND HALL, Textbook Of Medical Physiology, 13th edition Copyright © 2016 by Elsevier, Inc. All rights reserved.

Horie S, Ansari B, Masterson C, Devaney J, Scully M, O'Toole D, Laffey JG. Hypercapnic acidosis attenuates pulmonary epithelial stretch-induced injury via inhibition of the canonical NF-κB pathway. Intensive Care Med Exp. 2016 Dec;4(1):8. doi: 10.1186/s40635-016-0081-6. Epub 2016 Mar 22. PMID: 27001525; PMCID: PMC4801837.

Masterson C, Horie S, McCarthy SD, Gonzalez H, Byrnes D, Brady J, Fandiño J, Laffey JG, O'Toole D. Hypercapnia in the critically ill: insights from the bench to the bedside. Interface Focus. 2021 Apr 6;11(2):20200032. doi: 10.1098/rsfs.2020.0032. Epub 2021 Feb 12. PMID: 33628425; PMCID: PMC7898152.

Young M, DiSilvio B, Rao S, Velliyattikuzhi S, Balaan M. Mechanical Ventilation in ARDS. Crit Care Nurs Q. 2019 Oct/Dec;42(4):392-399. doi: 10.1097/CNQ.0000000000000279. PMID: 31449149.


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