A ventilação pulmonar mecânica foi um dos maiores recursos já trazidos pela tecnologia no suporte à manutenção da vida. Ao substituir, total ou parcialmente, uma das funções primordiais do organismo humano, mudou de forma significativa a sobrevida dos pacientes com insuficiência respiratória.
Nesse post, você vai entender melhor esse recurso tão importante e seus principais aspectos: indicações, funcionamento e cuidados que influenciam melhores resultados.
Quem precisa de ventilação mecânica e quando ela é indicada
A ventilação mecânica é necessária em pacientes com desconforto ou insuficiência respiratória, seja qual for a motivação: patologias, anomalias congênitas, traumas, pré e pós-operatório, entre outras. Esses cenários podem envolver a necessidade de ressuscitação cardiopulmonar, tratamentos intensivos, processos anestésicos ou apenas estabilização do quadro clínico para uma melhor resposta a tratamentos aplicados.
A necessidade pode se apresentar desde os primeiros minutos de vida de um recém-nascido até em pacientes da terceira idade. Em algumas situações, a indicação é um consenso, como na ocorrência de parada cardiorrespiratória, por exemplo. Em outros cenários é discutível, e a decisão caberá à equipe médica responsável.
As indicações mais comuns são:
insuficiência respiratória;
alteração do nível de consciência com falha no controle do centro respiratório;
doenças neuromusculares;
resistência aumentada das vias aéreas ou obstrução grave;
aumento excessivo do trabalho respiratório com risco de fadiga;
necessidade de sedação profunda, como em procedimentos cirúrgicos.
E como funciona a ventilação mecânica?
O ciclo respiratório na ventilação mecânica se divide em quatro fases:
Inspiratória: o ventilador vence as propriedades elásticas e a resistência do sistema respiratório do paciente para insuflar os seus pulmões com o volume de ar apropriado a cada caso.
Ciclagem: o ventilador interrompe a fase inspiratória, para que inicie a fase expiratória, após o término de um marco pré-determinado: volume, tempo inspiratório, fluxo ou pressão.
Expiratória: os pulmões são esvaziados, de forma progressiva. Alguns pacientes demandam tempos expiratórios maiores, enquanto outros, tempos mais curtos.
Disparo: a válvula expiratória é fechada e abre-se a inspiratória. O disparo pode ser programado por intervalo de tempo, mudança de pressão ou de fluxo.
Há ainda diferentes modalidades de ventilação mecânica, que determinam como paciente e ventilador irão interagir durante o suporte respiratório. Em algumas modalidades, o aparelho assume por completo a mecânica da respiração, pois o paciente não tem condição de realizar nenhuma das etapas do ciclo. Em outras, há uma interação e o paciente, estimulado pelo ventilador, tem maior participação e executa algumas etapas.
As principais modalidades são:
Ventilação com Volume Controlado (VCV): neste modo fixa-se a frequência respiratória, o volume corrente e o fluxo inspiratório. O início da inspiração (Disparo) ocorre de acordo com a frequência respiratória pré-estabelecida. A ciclagem ocorre assim que atingir o volume correte pré-determinado. A pressão é variável e consequente à mecânica ventilatória do paciente.
Ventilação com Pressão Controlada (PCV): neste modo fixa-se a frequência respiratória, o tempo inspiratório e o limite de pressão inspiratória. Esse modo se caracteriza por manter a pressão limitada durante toda fase inspiratória, sendo ciclado a tempo. O fluxo é livre e desacelerado. Neste modo o VC é variável e consequente do delta de pressão administrado e da mecânica ventilatória do paciente
Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV): este modo permite que o ventilador aplique os ciclos mandatórios pré‐determinados em sincronia com o esforço inspiratório do paciente. Os ciclos mandatórios ocorrem na janela de tempo pré‐determinada (de acordo com a frequência respiratória ajustada), porém sincronizados com o disparo do paciente.
Ventilação com pressão de suporte (PSV): é um modo disparado exclusivamente pelo paciente, a pressão ou a fluxo. É caracterizado por manter pressão durante a fase inspiratória, sendo ciclado quando o fluxo inspiratório cai, geralmente, a 25% do Pico de Fluxo Inspiratório. O volume corrente depende do esforço inspiratório do paciente e das condições da mecânica respiratória do pulmão e da parede torácica.
Pressão contínua nas vias aéreas (CPAP): em CPAP/PS, o ventilador permite que o paciente respire espontaneamente, porém fornece uma pressurização contínua.
Cuidados na ventilação mecânica
Para que a ventilação pulmonar mecânica seja eficaz na recuperação clínica de um paciente, alguns cuidados são indispensáveis. O primeiro deles está na decisão sobre a necessidade da ventilação. Ainda que suas funções e benefícios sejam bem conhecidos, a indicação requer uma avaliação criteriosa do quadro clínico e do custo-benefício que o suporte ventilatório representará para o paciente.
Em seguida, requer cuidado também a escolha pela modalidade ventilatória mais adequada. Ao eleger um modo ventilatório, o profissional de saúde deve levar em conta a patologia que desencadeou a insuficiência respiratória, a mecânica ventilatória do paciente e a estimativa de tempo em que ele ficará submetido ao suporte.
Outro cuidado indispensável é o monitoramento contínuo da resposta do paciente ao suporte respiratório, permitindo que as equipes responsáveis façam ajustes na ventilação sempre que isso for necessário. Há um conjunto de parâmetros que possibilitam esse controle, decisivo no sucesso do tratamento e determinante para a eficácia da ventilação, como: volume corrente, frequência respiratória, relação inspiração/expiração, limite de pressão e sensibilidade.
A tecnologia como aliada da saúde
A tecnologia disponibiliza ventiladores mecânicos cada vez mais modernos e funcionais, com recursos adequados a diferentes cenários e necessidades. Agrega, com isso, segurança no atendimento de saúde e potencializa os resultados dos procedimentos médicos adotados. Com os ventiladores pulmonares mecânicos, a tecnologia se mostra uma aliada da saúde, oferecendo as condições necessárias à recuperação dos pacientes e muitas vezes salvando suas vidas.