A invenção dos ventiladores pulmonares mecânicos mudou drasticamente a sobrevida de pacientes com insuficiência respiratória. De fato, esses equipamentos são essenciais em alguns procedimentos médicos e no tratamento de patologias diversas, muitas vezes salvando vidas que antes seriam perdidas sem esse recurso tecnológico.
Contudo, ainda que as funções e os benefícios da ventilação mecânica sejam bem conhecidos, a decisão de recorrer a ela nem sempre é fácil. Sua indicação envolve uma avaliação criteriosa do profissional de saúde sobre o quadro do paciente e leva em conta a evolução das manifestações clínicas e o monitoramento de um conjunto de parâmetros.
Principais indicações da Ventilação Mecânica
As indicações mais comuns para suporte ventilatório são:
insuficiência respiratória;
alteração do nível de consciência com falha no controle do centro respiratório;
doenças neuromusculares;
resistência aumentada das vias aéreas ou obstrução grave;
aumento excessivo do trabalho respiratório com risco de fadiga;
necessidade de sedação profunda, como em procedimentos cirúrgicos, por exemplo.
Objetivos da Ventilação Mecânica
Ao recorrer à ventilação mecânica, a equipe tem como objetivo:
reverter a hipoxemia
reverter a acidose respiratória aguda
diminuir o desconforto respiratório
prevenir ou reverter a atelectasia
reverter a fadiga dos músculos respiratórios
permitir a sedação e/ou o bloqueio neuromuscular
diminuir o consumo sistêmico ou miocárdico de oxigênio
diminuir a pressão intracraniana
E como decidir então pela ventilação mecânica?
Há alguns quadros clínicos em que a necessidade de ventilação mecânica é absoluta e indiscutível, como a falência cardiorrespiratória, a demanda de proteção das vias aéreas e a apneia. Contudo, excetuados esses casos, não existem outras situações que dispensem uma avaliação bastante criteriosa dos profissionais de saúde responsáveis, pois os critérios em análise não são absolutos e não permitem, portanto, uma indicação automática da ventilação mecânica.
Nessas situações, o quadro clínico deve ser analisado de forma abrangente, levando em consideração alguns parâmetros objetivos já reconhecidos como capazes de auxiliar a decisão. Esses parâmetros abordam importantes alterações gasométricas, a inadequada ou adequada resposta do paciente ao tratamento clínico e um eventual excessivo trabalho respiratório, com evidência de fadiga muscular respiratória. Na decisão, será sempre importante também avaliar o custo benefício do suporte ventilatório, sem deixar de considerar os riscos próprios do procedimento, que como já dito salva vidas, mas precisa ter uma aplicação cercada de cuidados.
Quando fundamentada em uma decisão segura e adequada ao quadro clínico do paciente em questão, a ventilação mecânica tende a ser um recurso importantíssimo no suporte à vida, permitindo que equipes médicas alcancem excelentes resultados na condução dos diversos casos que enfrentam em suas rotinas de atendimento.